Governo vai propor índice mínimo de eficiência energética para edificações em 2025

Governo vai propor índice mínimo de eficiência energética para edificações em 2025

Redução no consumo de energia em edificações e indústria é crucial para corte das emissões de carbono, avalia MME

10/04/2024

greiciramos

RIO – O governo vai trabalhar em um índice mínimo de eficiência energética para edificações em 2025, disse na segunda (4/3) a coordenadora geral de Eficiência Energética da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Samira Sousa.

“É a primeira vez que vamos ter o índice mínimo de eficiência energética que as edificações vão ter que atender”.

A Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) calcula que é necessário triplicar os investimentos anuais em eficiência energética para alcançar as metas do Acordo de Paris.

Segundo Samira, isto não está ocorrendo e é preciso acelerar.

A representante do MME citou estudos demonstrando que, no caso de países emergentes, são necessários 23 vezes mais investimentos em eficiência energética para que se consiga alcançar o objetivo de emissões líquidas em 2050, no setor de edificações.

As edificações brasileiras, que incluem residências, comerciais e públicas, respondem em torno de 50% do consumo de energia elétrica do país, de acordo com a EPE.

Samira observa que o país precisa equacionar o aumento esperado do consumo de energia nos próximos anos com a redução do desperdício, em especial nos setores da indústria e edificações.

“Temos muito a avançar quando comparamos com outras nações o consumo per capita por habitante. A população cresce e precisamos de mais energia para os processos produtivos e novas demandas, mas também temos o desafio climático que vai precisar de mais energia para manter a qualidade de vida que temos hoje”, disse.

 

Alinhamento com 1.5°C

A coordenadora destacou que metade dos esforços para reduzir as emissões e manter a temperatura em 1,5°C vem de energias renováveis e eficiência energética, com 25% cada um.

“O peso que a eficiência energética tem para a redução das emissões e atendimento dos compromissos é igual ao das energias renováveis, apesar de muitas vezes não vermos investimentos direcionados para isso”, disse durante evento no BNDES que debateu o tema no início da semana.

Ela lembrou que o Brasil ratificou na COP28 os compromissos de dobrar a taxa média anual de melhoria da eficiência energética, que hoje está em 2%, para mais de 4% ao ano até 2030, e de reduzir as emissões relacionadas ao resfriamento em todos os setores, em pelo menos 68% – o que inclui ar condicionado e refrigeração em todos os setores da economia.

 

Eficiência é essencial para competitividade da indústria

A meta voluntária do Brasil é alcançar 10% da redução do consumo de energia elétrica até 2030, em relação ao ano de 2005. Entretanto, segundo o MME, o país reduziu até o momento 8,6%, sendo apenas 5% na indústria, 20% nas residências e 10% no transporte.

“Temos um espaço para crescer, precisamos avançar principalmente no setor industrial”, disse Samira. “No setor industrial, 40% do esforço de redução de emissões pode ser relacionado com eficiência energética, no setor de edificações é 50%”.

Para Carlos Alexandre Pires, do Ministério do Meio Ambiente, há uma resistência da indústria em investir mais.

“Tornar-se eficiente é fazer com que nossa indústria seja capaz de enfrentar, em pé de igualdade, outras indústrias mundo afora e não se tornar apenas produtora para o mercado interno ou de produtos de consumo aqui no Brasil”, explicou.

De acordo com Gustavo Fontenele, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a idade média das máquinas e equipamentos industriais é de 14 anos e as micro e pequenas empresas apresentam médias ainda mais altas.

“Isso resulta não somente em uma competitividade menor, mas em custo e consumo energético maiores. Eficiência em energia não é o elemento principal quando se fala em competitividade na indústria, e isso nos coloca em uma desvantagem enorme”.

Para Fontenele, é necessário acabar com a cultura do desperdício a partir da ideia que o Brasil possui energia barata e abundante.

“Precisamos de soluções que sejam implementadas rapidamente”.

 

Programa para a indústria

A coordenadora do MME Samira Souza destacou o exemplo do Programa Aliança, voltado para apoio a grandes empresas energético-intensivas, para identificar e implementar medidas de eficiência energética.

A iniciativa faz parte do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), e conta com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).

Na primeira fase do programa, foram contempladas 12 empresas, que aprovaram investimentos de R$ 8,6 milhões em medidas de eficiência, o que resultou em uma redução do custo operacional dessas companhias de R$ 112 milhões por ano.

“Para cada real investido, gera R$ 3,4 por ano de economia de energia, e com uma vantagem do payback médio desses projetos é de menos de um mês”, disse Samira.

A segunda fase do programa está em andamento, e a meta é atender 24 empresas com investimentos de 20 milhões, que devem gerar redução de custos operacionais em torno de 90 milhões por ano.

 

Reportagem publicada em: epbr

Escrito por Gabriel Chiappini

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