Quais os desafios da Construção Civil diante das mudanças climáticas?
Em um manifesto lançado em maio sobre a tragédia climática no Rio Grande do Sul, o Conselho Brasileiro de Construção […]
Saiba maisNa ocasião também foi lançada a nova versão da CECarbon
04/06/2024
greiciramos
Os temas descarbonização e mercado de carbono já estão em na pauta do SindusCon-SP há muitos anos. O Comitê de Meio Ambiente (Comasp) atua há 24 anos promovendo construções cada vez mais sustentáveis. Desde 2013, a medição das emissões de carbono com vistas à sua redução é um dos nossos temas prioritários.
As informações são do presidente do SindusCon-SP, Yorki Estefan, em seu discurso na abertura no workshop Descarbonização no Setor da Construção Civil – Edificações, realizado em 21 de maio.
No evento foi lançada a versão 3 da CECarbon, Calculadora de Consumo Energético e Emissões de Carbono na Construção Civil, desenvolvida pelo SindusCon-SP, em parceria com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) e a Secretaria Nacional de Habitação (SNH).
De acordo com o vice-presidente do SindusCon-SP, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, “um dos propósitos da CECarbon é a obtenção de indicadores de emissões de carbono na construção civil. Além de ser uma ferramenta gratuita em evolução contínua, a ferramenta contou com a contribuição da Aliança feita entre o SindusCon-SP, a Abrainc e o Secovi-SP, que objetiva a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa no setor de construção e incorporação imobiliária, e conta com a participação de 68 empresas do setor”. Francisco reforçou que a CECarbon está alinhada às principais diretrizes para cálculo de emissões como o GHG Protocol e normas internacionais, o que foi validado pela auditoria da KPMG Consultoria.
Daniel Wagner, coordenador de Projetos da GIZ Brasil destacou em sua participação a importância da união do setor para a coleta, medição e avaliação dos dados sobre emissão de carbono. Parabenizou o SindusCon-SP pelo empenho em tornar a CECarbon cada vez melhor.
Gustavo de Lima Ramos, Assessor da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (SETEC/MCTI), destacou que a sua participação e interação com o setor ao longo dos últimos dois anos iniciou principalmente por conta de um novo projeto que o MCTI está detalhando e estruturando que é voltado para edificações sustentáveis, a partir de políticas públicas e inovação. “É um projeto que possui recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente que terá duração de 4 a 5 anos. A ideia é que possamos trabalhar com todos os atores relevantes do setor para que a gente possa realmente aprimorar as legislações existentes no país, congregar todos os esforços das empresas e da indústria em prol de conseguirmos entregar para a sociedade produtos relevantes e que façam realmente a diferença no nosso país, que está cada vez mais competitivo e com grandes exigências relacionadas ao clima e a sustentabilidade”.
Andiara Campanhoni, coordenadora de Gestão e Inovação no Departamento de Planejamento e Política Nacional de Habitação, da Secretaria Nacional de Habitação, do Ministério das Cidades, afirmou que “sabemos da importância do enfretamento da emissão dos gases do efeito estufa na construção civil. Situações de desastres ambientais demonstram como é vital que a gente atue de forma mais séria para enfrentarmos as mudanças climáticas”.
Segundo Andiara, ferramentas como CECarbon auxiliam a coletar a informação, construir indicadores e trazer evidências para tomada de decisões para o aprimoramento das políticas públicas para o enfrentamento das mudanças climáticas”. A Secretaria incentiva o uso das ferramentas e as insere nas portarias as especificações para o uso das ferramentas, como é o caso da CECarbon.
Ao abordar o tema “Criando valor conforme as razões dos incorporadores e construtores, descarbonização como consequência”, Felipe Faria, CEO do Green Building Council Brasil apresentou as oportunidades para o mercado da construção empresas e investidores na condução de processos mais eficientes e produtivos no fomento à inovação como diferencial competitivo.
De acordo com Faria, sustentabilidade sugere a harmonização de três pilares e por vezes esquece-se de desenvolver sistematicamente o pilar econômico como argumento de convencimento. “O construtor vai acelerar cada vez mais este movimento rico em termos de argumentos, mas de acordo com as razões dele. Podemos convencer, respeitando as razões de cada um. E independente das razões, entre os resultados encontraremos eficiência, inovação, conforto, sustentabilidade, qualidade, descarbonização e resiliência. Vemos a CECarbon como uma ferramenta de benefícios diversos, um caminho para a tomada de decisões e escolhas mais inteligentes”, finalizou.
Na sequência, o tema foi o mercado de carbono abordado por Felipe Viana, Diretor Comercial da Carbonext. O executivo demonstrou legislações e regulamentações que impactam o setor da construção, mecanismos de compensação e compra de crédito de carbono, custos, riscos e oportunidades para as empresas. Viana informou que utilizam a CECarbon para o cálculo das emissões das obras visando ações para compensação.
A compensação de emissões nas obras de construção civil, segundo Viana, é uma alternativa para mitigar o impacto ambiental desse setor, especialmente considerando que mais de 95% das emissões são do escopo 3. “Os créditos de carbono emergem como uma solução eficiente para neutralizar os gases de efeito estufa liberados durante essas atividades, enquanto buscamos desenvolver e adotar tecnologias mais sustentáveis para reduzir tais emissões”, afirmou.
O Projeto de Lei (PL) 2.148/2015, que regulamenta o mercado de carbono no Brasil, foi aprovado pela Câmara dos Deputados em dezembro de 2023 e está atualmente em discussão no Senado, de acordo com Viana. “Este projeto estabelece o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), que cria um mercado regulado para a negociação de créditos de carbono. O SBCE estabelece tetos para as emissões e permite que empresas que excedam esses limites compensem suas emissões comprando créditos de carbono. Empresas que emitirem menos do que o limite podem vender a diferença no mercado”.
“A aprovação desse projeto é vista como um passo importante para o Brasil cumprir seus compromissos internacionais no Acordo de Paris e promover a descarbonização da economia”, afirmou.
Por ser uma ferramenta construída com as empresas do setor imobiliário, a CECarbon se torna mais próxima à realidade das obras e facilita sua usabilidade. As informações são da Lilian Sarrouf, Coordenadora técnica do Comasp do SindusCon-SP e Superintendente do ABNT CB002 – Comitê Brasileiro da Construção Civil da ABNT. “A sua maior utilização irá contribuir para formação de um banco de dados nacional, possibilitando o acompanhamento e a criação de indicadores do setor de edificações”, afirmou.
A calculadora também contribui para o desenvolvimento de políticas públicas, como é o caso do Programa Minha Casa Minha Vida, o Programa de Certificação Sustentável – IPTU Verde da Prefeitura Municipal do Salvador e o Selo Casa Azul + Caixa, programas climáticos como do município de São José dos Campos que recomenda a utilização da CECarbon.
Lilian anunciou que no segundo semestre será dado início à versão 4 da CECarbon para atender à solicitação dos usuários, como a integração com sistemas de orçamento e do BIM facilitando o lançamento dos dados, e avançar em funcionalidades relacionadas à mitigação e compensação.
Na ocasião, Lilian também apresentou os indicadores desenvolvidos a partir dos inventários lançados na CECarbon, foram utilizados os dados médios de uma amostragem de 109 inventários de obras que foram selecionadas pela precisão dos dados inseridos na CECarbon:
Emissão de GEEs : 0,21 tCO2e/m²
Energia Incorporada: 2,17 GJ/m²
(Os indicadores se referem a m² de área construída prefeitura)
O maior uso da CECarbon permitirá obter indicadores de diferentes sistemas construtivos, alinhados com a metodologia do GHG Protocol, afirmou Lilian.
Vanessa Dias, supervisora de Meio Ambiente do SindusCon-SP apresentou a versão 3 da ferramenta: novo módulo: “Inventário corporativo”, essa nova funcionalidade permitirá o cálculo das emissões dos escritórios (matriz, filial e stand), o painel de status para usuário master; a capacidade de exportação de dados em planilha de excel facilitando o gerenciamento pelas empresas; o consumo médio de combustíveis padronizados; e, área para upload de documentos (evidências) pelos usuários em cada etapa.
Além disso, passa a ser possível a pré-visualização do relatório em tempo real. “Esta nova funcionalidade permitirá a extração de inventários anuais e a qualquer tempo”, afirmou.
Vanessa também destacou que melhorias na CECarbon são contínuas e adiantou que em breve a calculadora terá um novo layout para o inventário da obra e o inventário integrado (corporativo + obra).
No final do evento foi realizado um debate com as participações de Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Vice-Presidente do SindusCon-SP; Douglas Cardoso Meirelles, Gerente de Serviços de Atendimento ao Cliente da Saint-Gobain; Felipe Faria, CEO do Green Building Council Brasil; Felipe Viana, Diretor Comercial da Carbonext; Lilian Sarrouf, Coordenadora técnica do Comasp do SindusCon-SP e Superintendente do ABNT CB002 – Comitê Brasileiro da Construção Civil da ABNT; e Vladimir Iszlaji, Diretor de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente da ABRAINC e Representante da Aliança pela redução de Gases do Efeito Estufa (GEE) no setor de construção e incorporação imobiliária.
“A aliança foi constituída porque unimos as entidades do setor para analisar qual o status da emissão no setor. Conseguimos angariar os números em um trabalho bem sucedido no engajamento de empresas e nosso foco é ampliar o volume de participantes para que possamos ter ainda mais dados. Com a ferramenta CECarbon, as empresas podem usar para gerenciar em um único local as suas emissões anuais a qualquer momento”, afirmou Vladimir Iszlaji, diretor de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente da ABRAINC e representante da Aliança pela redução de Gases do Efeito Estufa (GEE) no setor de construção e incorporação imobiliária.
“Descarbonização, ESG e sustentabilidade está em nosso DNA. Estar à frente dessas iniciativas que levam à sustentabilidade é algo intrínseco no nosso negócio. Existe uma frente industrial muito forte olhando para esse sentido. Hoje somos uma das empresas com maior número de P&D globalmente. Criamos aqui uma estrutura dedicada para estudos tanto de produtos como de sistemas prediais”, afirmou Douglas Cardoso Meirelles, Gerente de Serviços de Atendimento ao Cliente da Saint-Gobain.
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Confira a íntegra do evento aqui.
O evento contou com o patrocínio da Saint-Gobain e o parceiro como parceiro institucional o Estadão. Apoiaram o evento: ABCIC, ABECE, ABECIP, ABEF, ABEG, ABESC, ABNT – CB-002 Comitê Brasileiro da Construção Civil, COBRACON, ABRAINC, ABRAMAT, ABRASFE, ABRAVA, AESAS, APEOP, ASHRAE Brasil Chapter, ASSECOB, CBIC, CREA-SP, FIABCI-BRASIL, GBC BRASIL, GIZ, IBRACON, KPMG, PROACÚSTICA, SECONCI-SP, SECOVI -SP, SIAMFESP, SINABEF, SINDINSTALAÇÃO e SOBRATEMA.
Reportagem publicada em: Sinduscon-SP https://sindusconsp.com.br/sinduscon-sp-debateu-descarbonizacao-no-setor-da-construcao-civil-em-21-de-maio/ Escrito por Daniela Barbará
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